Geografia e Fenomenologia: da epistemologização da ontologia à "questão da técnica" em Martin Heidegger

Nome: JOSIMAR MONTEIRO SANTOS

Data de publicação: 01/03/2024

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ALDO ALOÍSIO DANTAS DA SILVA Examinador Externo
CARLO EUGENIO NOGUEIRA Examinador Interno
IGOR MARTINS MEDEIROS ROBAINA Examinador Interno
LUIS CARLOS TOSTA DOS REIS Presidente

Resumo: A tese aborda a relação entre ontologia e epistemologia na Geografia. A problemática dessa
relação reside numa leitura crítica do modo como a ontologia foi assimilada na ciência
geográfica. Essa leitura se baseia na diferença, estabelecida por Martin Heidegger, entre
ontologia e epistemologia, pois para o filósofo, uma não se confunde com a outra. Com base
nesta distinção, argumenta-se que a diferença entre ambas não foi considerada pelos geógrafos,
quando, a partir da década de 1970, começaram a debater o problema da fundamentação
ontológica da Geografia. Esses debates tiveram início no contexto da renovação epistemológica
dessa ciência, promovida pela Geografia crítica e pela Geografia humanista. Para os fins desta
tese, a reflexão ontológica, seja da Geografia crítica, seja da Geografia humanista, foi tributária
da renovação epistemológica da ciência geográfica. Isso indica que a ontologia foi assimilada
na Geografia para fundamentar posições teóricas previamente estabelecidas. Esse padrão de
assimilação da ontologia na ciência geográfica, orientado por uma interpretação
epistemológica, é nomeado nesta tese epistemologização da ontologia, tendo como significado
a subordinação da questão ontológica a problemática epistemológica. Por isso esta tese objetiva
contribuir com a “reabilitação” da investigação ontológica da Geografia. Nesses termos, o que
se impõe é a necessidade de retomada do problema da fundamentação ontológica da Geografia,
tal como Heidegger visou retomar a questão do ser em “Ser e tempo”. Essa retomada
corresponde, no âmbito mais restrito da ciência geográfica, ao projeto de “reabilitação” do
problema da fundamentação ontológica da Geografia, designando propriamente a investigação
das suas “bases ontológico-existenciais”. Isso incumbe o geógrafo da tarefa de assumir as
diretrizes do método fenomenológico, expressa por Heidegger por meio da analítica do ser-aí,
como via de acesso à questão do ser. Nesse sentido, a investigação das “bases ontológicoexistenciais” da Geografia direciona-se ao existencial ser-em e a espacialidade existencial do
ser-aí, conduzindo a tese à pergunta pelo modo com o qual o ser-aí, esse ente que todos somos,
é de imediato e na maioria das vezes, em sua cotidianidade decaída (nosso mundo histórico).
Por sua vez, essa pergunta promoveu uma “virada ontológica” na tese, tendo em vista que
direcionou a pesquisa para a reflexão heideggeriana sobre a “questão da técnica”, nesse
momento, o trabalho propôs uma interpretação fenomenológica do fenômeno técnico como uma
alternativa para ampliar a base filosófica da técnica na ciência geográfica e, consequentemente,
da compreensão do espaço geográfico.

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