GEOGRAFIA DA SAÚDE E ALIMENTAÇÃO: VULNERABILIDADES DE MULHERES E CRIANÇAS
Nome: DANIEL LOUZADA CASTELUBER
Data de publicação: 31/07/2025
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| AURELIA HERMINIA CASTIGLIONI | Examinador Interno |
| DOUGLAS EMILIANO JANUARIO MONTEIRO | Examinador Externo |
| LUIZA ALVES SANTOS | Examinador Externo |
| PAULO CESAR SCARIM | Presidente |
| RAFAEL DE CASTRO CATAO | Examinador Interno |
Resumo: As mudanças contemporâneas na alimentação mundial, caracterizadas pela crescente substituição de alimentos frescos por ultraprocessados, têm gerado impactos significativos na saúde pública. O aumento do consumo destes produtos ricos em açúcares, gorduras saturadas, conservantes, corantes e outros aditivos, expõe povos a quadros preocupantes de Insegurança Alimentar e Nutricional e contribui para o aumento da obesidade. Essas alterações alimentares estão relacionadas ao aumento das Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNTs), como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e hipertensão, que de acordo com a Teoria da Programação Fetal têm determinantes no período gestacional. A Tese tem o objetivo de buscar compreender como a fome oculta se relaciona com a Geografia Epidemiológica Crítica através da má alimentação das mulheres e crianças, fomentando processos de adoecimento nos países periféricos como o Brasil. Para tanto, com fulcro na metodologia de análise teórica dentro da perspectiva materialista histórica e de colonial, foi incorporada à abordagem qualitativa crítica, ancorada
na pesquisa bibliográfica e documental sob a ótica constante da metacrítica. Para este fim, evocamos epistemologia mediante alguns autores como Friedrich Ratzel, Vidal de La Blache, Max Sorre, Georges Canguilhem, Michael Foucault, David Harvey, Immanuel Wallerstein, Josué De Castro, Amartya Sen, David Barker e Jaime Breilh. Nesse percurso, a pesquisa teve a alimentação
como fundamento para estabelecer o entrelaço entre a alimentação-saúde-doença partindo da geografia das mulheres negras por meio do prisma interseccional da obra “O Quarto de Despejo”. Os resultados demonstraram que o desenvolvimento dos países periféricos, marcado por iniquidades sociais, seguindo o modelo do agronegócio e industrialização tardia, é indissociável de
melhorias das condições alimentares das crianças e mulheres e do fortalecimento da soberania alimentar nos territórios. Neste sentido, é urgente o estabelecimento de ações efetivas e específicas às gestantes como estratégia de prevenção de DCNTs, pois ficou inteligível, via epidemiologia crítica aplicada a análise do panorama do Estado do Espírito Santo, que os regimes
agroalimentares, aliados à mentalidade neoliberal das granes corporações, com apoio do Estado, maximizam seus dividendos recorrendo ao sequestro da renda da terra, à dependência agroquímica do consumo de agrotóxicos e à epidemiologia tradicional que prioriza o tratamento de doenças em detrimento da investigação de suas causas sociais. O conjunto de evidências discutidas
reforçam a inópia de desafiar a privatização dos lucros e a socialização dos prejuízos, em meio aos efeitos deletérios da má alimentação com base nos ultraprocessados.
