FORMAÇÃO DA COMPANHIA VALE DO RIO DOCE E MOBILIDADE DO
TRABALHO: O PAPEL DOS ENGENHEIROS NO DESENVOLVIMENTO DA
MINERAÇÃO NO ESPÍRITO SANTO
Nome: ISABELA SILVEIRA BERNARDES
Data de publicação: 07/10/2024
Banca:
| Nome |
Papel |
|---|---|
| ANA CAROLINA GONÇALVES LEITE | Examinador Externo |
| CARLOS DE ALMEIDA TOLEDO | Examinador Externo |
| CASSIO ARRUDA BOECHAT | Presidente |
Resumo: Desde o início, a pesquisa pretendia estudar a história da Vale fazendo um diálogo com a
mobilidade do trabalho. Trata-se de um conceito que tem um duplo sentido: envolve tanto os
processos que liberam o trabalhador da terra, a expropriação em si, quanto a racionalização
dos processos de trabalho que vai implicar na sua multiplicação e na divisão social do
trabalho. Interpretamos a mineração no Brasil como parte de um processo longo de
modernização retardatária brasileira que, no que tange a esse setor, permaneceu lenta durante
todo o século XIX. Houveram tentativas de desenvolver a siderurgia durante todo este século.
Os políticos envolvidos com as regências possuíam formação do mais alto nível adquirido em
Coimbra. A partir de 1876 serão os engenheiros egressos da Escola de Minas de Ouro Preto
que passam a protagonizar as iniciativas esporádicas na siderurgia e na pesquisa mineral, esta
no entanto ganhou importância e passou a ser política de Estado no mesmo período em que os
países europeus começavam a realizar seu primeiro mapa geológico do continente. Os
resultados da pesquisa mineral foram amplamente divulgados, sobretudo no 11 Congresso de
Geologia, realizado na Suécia, em que um amplo relatório estimando e localizando as jazidas
de Minas Gerais foi apresentado por Orville Derby, presidente do SGMB. Como resultado
todas as reservas mineiras foram compradas por estrangeiros de várias nacionalidades,
incluindo o projeto da Itabira Iron Ore de propriedade inglesa e americana que adquiriu uma
área equivalente a 1 bilhão de toneladas das 3 bilhões de toneladas estimadas para Minas
Gerais pelo relatório. O clamor contra o empreendimento, junto com a primeira guerra e a
Grande Depressão protelaram as obras da ferrovia por vinte anos. Somente com a criação da
Vale em 1942, quando se tornou definitivo o aporte do capital estrangeiro, devidamente
autorizado e mediado pelo Estado-Novo, se efetuou o primeiro embarque de minério pelo
Porto de Vitória A nacionalização da indústria pelo Vargas em nada envolveu um discurso
nacionalista, pelo contrário, tratava-se de uma crescente aproximação do Brasil com os EUA
que ali se iniciava, e com ela nossos técnicos aprenderam como planejar. Quem representava
no Espírito Santo o ideal do planejamento regional, colocado em prática pela primeira vez
pelo New Deal de Roosevelt era Jones dos Santos Neves, interventor no Estado Novo que
levou a modernização para o Vale do Rio Doce, região tida como insalubre, atrasada, hostil,
“vazia” e que não era alvo da atenção dos políticos ligados à cafeicultura coronelista de
Cachoeiro de Itapemirim e Vitória. A ascensão de Jones representa uma inflexão importante
na política capixaba. Ele é o último técnico, planejador e político que personifica os interesses
da Vale nessa história que tento contar aqui. Como este governador agiu para fazer valer seus
interesses é a pergunta que esta pesquisa pretende tentar responder em um segundo momento.
