“SOMOS O PAÍS EM QUE MAIS SE ESTUDA GEOGRAFIA EM TODO O
MUNDO...”: OS DISCURSOS EM DEFESA DA LEGITIMIDADE DA GEOGRAFIA
COMO DISCIPLINA AUTÔNOMA DA EDUCAÇÃO BÁSICA

Nome: PHILIPE BRAGA ANDRÉ
Tipo: Tese de doutorado
Data de publicação: 30/03/2022
Orientador:

Nomeordem decrescente Papel
GISELE GIRARDI Orientador

Banca:

Nomeordem decrescente Papel
ANA ANGELITA COSTA NEVES DA ROCHA Examinador Externo
CARLO EUGENIO NOGUEIRA Examinador Interno
FLAVIANA GASPAROTTI NUNES Examinador Externo
GISELE GIRARDI Orientador
LINOVALDO MIRANDA LEMOS Examinador Externo

Resumo: Nos últimos anos o debate educacional brasileiro foi marcado, entre outras questões, por aquelas
relativas à homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e à reestruturação do Ensino
Médio (Lei 13415/2017). Articuladas, ambas promoveram uma centralização e modificaram
profundamente o sentido da educação secundária brasileira, bem como as determinações legais de
composição curricular. Para a Geografia do Ensino Fundamental, a BNCC instituiu novos sentidos e
conferiu uma nova legitimidade à sua presença na escola. Para o Ensino Médio, pelo novo modelo
proposto, os saberes da Geografia estariam dispersos e articulados com outros no contexto mais amplo
da área de Ciências Humanas e Sociais aplicadas, não havendo a obrigatoriedade de oferta, nem de
frequência dos alunos em aulas específicas dessa disciplina escolar. Essa centralidade da BNCC e da
Reforma implicou na emergência da necessidade de defesa da presença da Geografia na etapa final
da educação básica. Além disso, os sentidos instituídos com pretensão de hegemonia pela base
nacional para o Ensino Fundamental, se tornaram alvo da discussão, crítica, negação e contraposição
a outros sentidos por parte de uma diversidade de grupos sociais. É possível falar, dessa forma, na
instalação de um momento discursivo, categorizado pela emergência rápida de uma produção
discursiva intensa e diversificada em torno desses acontecimentos. Frente a isso, o objetivo central da
presente tese é, analisar, como se (re)constrói o discurso de legitimidade da Geografia como disciplina
autônoma da educação básica e a disputa e negociação de sentidos para ela, ao longo do processo de

elaboração e instituição da BNCC e da Reforma do Ensino Médio. Apoiado em perspectivas teórico-
metodológicas discursivas e dialogando com a Análise do Discurso Francesa e autores que discutem

currículo e política curricular em uma perspectiva discursiva, analiso uma série de documentos
elaborados no período entre 2014 (início das discussões sobre a BNCC) e 2021 (prazo final para a
“readequação” de currículos estaduais e municipais à Reforma do Ensino Médio e à base). Resgato
cartas abertas, manifestos e notas públicas em defesa de sentidos e legitimidade para a Geografia
como disciplina autônoma na Educação Básica; pareceres críticos encomendados pelo MEC sobre o
componente curricular Geografia nas diferentes versões da BNCC; as três versões da Base Nacional
divulgadas pelo MEC e documentos curriculares elaborados por diferentes unidades da federação após
a aprovação das reformas. Em linhas gerais, foi possível perceber que o mesmo significante “crise”
mobilizado pelos proponentes das reformas, também foi ativado por quem defendeu a autonomia
disciplinar da Geografia na escola, porém com outros sentidos. Essa relação foi construída a partir de
uma compreensão de que se a Geografia tem por função re(a)presentar o mundo, quando este está
em crise, mais do que nunca sua presença é necessária. Dessa forma, há um entrelaçamento entre
projetos e imagens criadas para o Brasil, o mundo e a educação e os papéis atribuídos à Geografia.
De modo semelhante, nos documentos considerados oficiais, a disciplina precisou negociar sua
autonomia em um contexto de deslegitimação das disciplinas escolares, a (re)emergência da
estruturação curricular em torno de “competências e habilidades” e da sua alocação na área de
“Ciências Humanas”. Disso resultou a produção de um sentido para a Geografia como implicada na
contextualização do conhecimento na escola, no desenvolvimento de uma competência específica (o
raciocínio geográfico) e um deslizamento do conhecimento em “Geografia Física” para um debate
socioambiental, respectivamente.

Palavras chave: Geografia; currículo; discurso; BNCC; Reforma do Ensino Médio.

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